Super Apps: o futuro dos aplicativos móveis

Nem sempre é fácil definir um novo e inovador produto digital. Talvez o exemplo mais recente sejam os chamados Super Apps, cujo conceito varia um pouco conforme eles se espalham pelo mundo.

Nem sempre é fácil definir um novo e inovador produto digital. Talvez o exemplo mais recente sejam os chamados Super Apps, cujo conceito varia um pouco conforme eles se espalham pelo mundo.

Populares no Oriente, onde surgiram, principalmente no mercado chinês, trata-se de um aplicativo para dispositivos móveis que reúne em uma mesma interface vários serviços distintos, que não necessariamente guardam uma relação óbvia entre si.

 

Multifuncional

No mesmo aplicativo pode, por exemplo, enviar mensagens instantâneas, reservar um quarto de hotel, pedir comida ou comprar ingressos para a próxima sessão de cinema. Isso sem a necessidade de alternar o app ou mesmo instalar vários deles no mesmo dispositivo.

No Brasil, qualquer aplicativo ‘grande’ tem sido chamado de super app. Resolvendo muitos problemas e contém vários modelos de negócio. Permitindo diversas funcionalidades.

Trata-se de um conceito que, de certa forma, vai na contramão daquele consagrado nos dispositivos carregados nos bolsos ocidentais. Sempre que o usuário quer usar um novo serviço, procura um aplicativo especializado.

No Super App, ao contrário, a ideia é reduzir a quantidade de aplicações instaladas nos smartphones, organizando os serviços em uma mesma interface e tornando a vida do usuário mais simples.

 

Mercado ocidental em expansão

No Brasil e no Ocidente, a filosofia do super app é parecida, mas os serviços oferecidos – ao menos por enquanto – não variam tanto em termos de diversidade.

O app mais citado por estas bandas e sob este conceito é o Rappi – startup colombiana cujos entregadores podem levar comida pronta, compras de supermercado e até dinheiro vivo – e o iFood. 

Outro exemplo é o Facebook, que agrega diversos serviços além da timeline com posts de usuários, como um marketplace e até um serviço de streaming de games.

 

Vantagens e desafios tecnológicos

O benefício de negócios mais abordado por super apps é a venda cruzada, ou cross-selling, em que a empresa pode ofertar para o usuário diversos serviços dentro do mesmo aplicativo, com a mesma experiência e de acordo com o perfil de cada um. Para o usuário também há vantagens, uma vez que ele receberá ofertas mais bem direcionadas a partir dos dados de interações. 

Existe uma competição para ver que empresas vão ganhar essa corrida. Elas querem expandir seus modelos de negócios. E aí entra o cross-selling [venda cruzada], porque todos estes serviços vão estar dentro de uma mesma operação

Mas há o desafio técnico, que não é pequeno. Por ser um conceito novo, não há no mercado uma linguagem ou arquitetura pronta para o desenvolvimento de super apps. O caminho é optar por tecnologias que se encaixem aos ganhos esperados pelo negócio, ou seja, não há fórmula pronta.

Um negócio grande, com serviços muito distintos, precisa tomar o cuidado de não transformar o app em um monstro. De fato, tamanho excessivo é ruim porque celulares mais antigos e fracos não vão rodar, diz. Às vezes é necessário suportar diferentes tecnologias e plataformas. 

Para o programador, essa abordagem tecnicamente híbrida é favorável para integrar vários serviços distintos. Ao mesmo tempo, utilizar apenas linguagem nativa torna a administração geral potencialmente mais simples. 

Outro ponto fundamental é que a arquitetura escolhida, que permita vários times responsáveis por um serviço diferente e que trabalhem em paralelo. Isso pode significar um squad responsável pelo app final e outros construindo os serviços subsequentes. Assim, a comunicação e a integração entre essas frentes é o maior desafio para os apps.

 

Um caso prático

O primeiro super app produzido no Brasil pertence a uma empresa do setor financeiro. A ideia central do app era que diversas equipes pudessem trabalhar em paralelo para ofertar diferentes serviços na mesma interface.

A arquitetura é baseada em um aplicativo core, que é a base de tudo e que provê recursos mais complexos. Como acesso à câmera, arquivos ou qualquer outro recurso nativo do dispositivo.

Apesar da teoria relativamente simples, a implantação na prática oferece diversos desafios técnicos. Principalmente no começo do desenvolvimento, mas que foram resolvidos rapidamente. Após um mês e meio de testes, uma primeira versão da aplicação (MVP) já estava no ar nas lojas Google Play e Apple Store.

Outras Postagens